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Como a reputação de um pais impacta na balança comercial.

25-jun / 0 COMMENTS

Na Universidade de Georgetown, em Washington D.C. (EUA), durante o evento Trade Policy and International Marketing, que discutiu a relação entre o marketing de países e os efeitos na sua política comercial, foi apresentado um estudo sobre a relação entre “reputação de marca de país” e comércio internacional.

Apresentado por Daniel Korschun, professor da Universidade de Drexel, na Philadelpia (EUA), mostra a partir de um modelo matemático gravitacional, o impacto da reputação de um país nas suas práticas comerciais.

O estudo comprova que a melhoria de um ponto na escala de reputação de um país, corresponde a um aumento em média de 2% nas exportações para o país de destino — o que equivaleria a uma redução tarifária de até 3,86%.

A reputação serviria como um sinal para reduzir a incerteza e promover a garantia de origem, mostrando como o branding de um país é um ativo e uma ferramenta estratégica para competir internacionalmente. O estudo corrobora o que já se sabia sobre marcas e países – e marcas de países.

“Para o Brasil competir seriamente por investimentos, negócios e turismo, é preciso gerenciá-lo como uma marca ou produto”, afirma, por exemplo, David Gertner, professor da Pace University (EUA) e um dos maiores especialistas na marca Brasil.  “Os políticos e autoridades brasileiras, incluindo o presidente e todo o pessoal ligado a agências de promoção econômica, de investimento e de turismo, precisam entender que cada vez que o nome do Brasil é mencionado, existe uma oportunidade para adicionar ou subtrair ao valor da marca Brasil”, diz Gertner.

Marca Brasil, marca Índia e marca China podem ser tão ricas e tão complexas, atraentes e interessantes que qualquer empresa pode se capitalizar sobre elas. India e China, porém, estão na frente, com projetos estruturados a partir de uma visão de si e do mundo.

E o Brasil?

O Brasil vive  uma crise de identidade, que passa por dois movimentos complementares e críticos:  o de autoconhecimento, que é a capacidade de olhar para si e ter uma visão de seu papel atual e no futuro; e o conhecimento do mundo e o seu lugar nele.

Globalmente, o mundo se sente preso entre o medo e a desorientação, o Brasil aguarda vento favorável mas não sabe onde ir.  O socialismo perdeu mas o capitalismo não venceu , como já dizia Vaclav Havel.

Ao nos isolarmos nesta ignorância sobre nós mesmos, corremos o risco de perder oportunidades de desenvolvimento pessoal e coletivo.

Em minha experiencia internacional, vejo paises com problemas gigantescos tentando resolver sua equação, promovendo suas forças e melhorando suas deficiencias. No Brasil temos milhões de problemas mas tambem temos exemplos de sucesso. Precisamos ser capazes de promover nossas conquistas e ter consciencia de nossas forças, enfrentando nossas fraquezas.

O Brasil é um exemplo bem sucedido de multiplicidade cultural, social e ambiental. Temos o estilo de vida que todos gostariam de ter, temos o soft power que nenhum outro BRIC possui. Possuímos setores líderes como o agroindustrial; temos cases como o da cana de açúcar, que se transformou de simples commoditie agrícola em uma indústria inovadora, promovendo desenvolvimento colateral de todo setor, como o álcool combustível, carros híbridos, bioeletricidade e plástico verde.

O Brasil tem empresas globais, mas outros paises tem projetos globais.

Somos um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, utilizando  apenas 25% das terras aráveis e preservando 60% das florestas nativas. Inventamos a agricultura tropical . O Brasil é o unico pais que pode literalmente alimentar o mundo sem ter que derrubarmais  nenhuma arvore. Histórias de degradação prevalecem na mídia, por falta de um projeto de pais somado a nossa incapacidadede promover uma nova narrativa que vai além dos estteriotipos e do discurso bipolar ultrapassado do oprimido e do opressor.  Estamos no mesmo barco.

Existe hoje a oportunidade de uma ação articulada, profunda, inteligente. Uma construção de uma imagem de um pais que é possivel, com seus problemas e soluções. Discutir um projeto de país com posicionamento centrado não apenas no que o Brasil quer, mas no que está acontecendo no mundo e o papel que queremos ( e podemos) desempenhar nele.