06-jul / News / 1 COMMENTS

Ao lembrarmos da bandeira do Brasil, todos nós brasileiros sabemos o que está escrito: Ordem e Progresso. Mas essas palavras realmente representam o nosso país nos dias de hoje? Infelizmente, não poderiam estar mais fora de contexto. A ordem no Brasil hoje não consegue ser restabelecida e o progresso emperra.

 

Grande parte dos brasileiros olha para sua bandeira e sorri com desdém, como se as palavras representassem um ideal inatingível e hedonista. Esta frase, no entanto, está incompleta. Formulada pelo filósofo francês Auguste Comte e baseada no positivismo, ele lançou uma filosofia que visava contraponto ao crescimento do comunismo contemporâneo, que só poderia ser conquistado pela luta de classes. Comte buscava uma solução pacífica e laica para o que via como crise eminente na Europa. Porém, existe um claro paralelo com o Brasil de hoje. Para se chegar a este ideal, escrito em nossa bandeira, segundo Comte é preciso atravessar 3 estágios onde não há atalhos.  

 

A frase original era: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim” (em francês L’amour pour principe et l’ordre pour base; le progrès pour but.) O significado é:

 

– O Amor deve sempre ser o princípio de todas as ações individuais e coletivas.

 

– A Ordem consiste na conservação e manutenção de tudo o que é bom, belo e positivo.

 

– O progresso é a consequência do desenvolvimento e aperfeiçoamento da Ordem.

 

Hoje, na bandeira, assim como no Brasil, está faltando a palavra Amor. Sem isso não há ordem, progresso ou futuro. Difícil falar de amor quando as injustiças e impunidades nos fazem acreditar que não há futuro, que não há conserto, que o nosso país não tem cura e que nada pode ser mudado. Vivemos “A noite escura da Alma Brasileira”, como sabiamente escreveu Eduardo Rombauer.

Qual a possibilidade de a alma coletiva do povo brasileiro superar os miasmas sociais do passado e a divisão do presente rumo a um futuro mais sadio, mais fraterno, mais igualitário e mais livre? 

Existe esta semente na índole brasílica?

 

Uma boa resposta foi estruturada pelo manifesto Brasil Luminoso, que visa mobilizar a população civil para sair desta apatia e apontar caminhos para uma mudança: “As tensões que sentimos em nosso corpo social contém forças criativas que precisam ser liberadas para transformarmos a dor em amor. 

É preciso que nos aceitemos e nos reconheçamos como membros de uma mesma comunidade. Pertencemos a um mesmo território, formamos um só povo e juntos temos uma história para contar.”

O Brasil é maior do que nossas diferenças, do que nossas sombras, do que nossos medos. Ele é imenso, rico e próspero. É desse lugar de grandeza que queremos apreciar o que nos distingue uns dos outros. Não como obstáculos, mas como riquezas que se complementam. Tanto potencial nos impõe uma responsabilidade diante de toda a humanidade, de encontrar um caminho de regeneração, que sirva ao planeta todo.  Que tenhamos a coragem que o amor exige.

 
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